Aliança de Governadores pelo Clima: economia limpa e inclusiva e inspiração internacional

Numa iniciativa do Centro Brasil no Clima, governadores assinaram Carta pelo Clima para instituir a Aliação dos Governadores pelo Clima. A pauta: economia limpa e inclusiva. A Aliança e a Carta foram lançadas no I Encontro Internacional de Governadores pelo Clima (foto: captura de tela), que ocorreu no dia 29 de outubro de 2020. Os governadores reforçam o compromisso com o Acordo de Paris e a Agenda 2030. A pauta da Aliança é a economia limpa e inclusiva, focada em ações e soluções concretas e objetivas de desenvolvimento e geração de emprego e renda nos estados. A meta é fazer uma transição para uma sociedade carbono neutro apostando em fontes renováveis de energia, em agronegócio de baixa emissão, em preservação ambiental e inclusão social.

Durante o Encontro Internacional, governadores, que se manifestaram publicamente, enfatizaram que a ausência do governo de federal na pauta climática brasileira não impede que os estados liderem soluções para a crise emergencial que o país atravessa. Também durante o Encontro, lideranças da Europa, dos Estados Unidos e da Argentina, que já implantaram Alianças de Governadores e Prefeitos, manifestaram apoio e enfatizaram o reflexo no bem-estar para a população. A agenda econômica dos Governadores pelo Clima está alinhada com a Agenda Urbana do Clima, uma iniciativa com 10 ações prioritárias para os prefeitos e os vereadores que estão em campanha para as eleições municipais de 2020.

O I Encontro durou pouco mais de duas horas e eu tive a oportunidade de ouvir os governadores, uns em participação ao vivo outros com vídeos gravados, sobre as questões climáticas e a oportunidade de gerar renda para as pessoas e desenvolvimento para o estado. Gostei da participação de uns mais que de outros e devo dizer que meu olhar esteve ancorado em posturas mais estadistas, mais eleitoreiras, mais pragmáticas, mais desarticuladas.

Poderia até categorizar cada fala, mas decidi trazer para o Blog Entreposto as declarações que eles fizeram sobre a urgência de uma pauta econômica e inclusiva no mundo pós-covid-19. Ressalto também que, dentre os participantes internacionais, gostei das falas de uns e não da de outros, e selecionei um trecho do que disse o conselheiro do governador do estado de Washington, nos Estados Unidos, ao trazer números que mostram a efetividade de uma Aliança entre governadores.

Participante Internacional

Reed Schuler – Conselheiro-Sênior de Política do governador Jay Inslee do estado de Washington (EUA)

Dois coelhos numa cajadada só. Os estados integrantes da Aliança cresceram 12% enquanto os estados fora da Aliança cresceram 4%. Foi possivel também reduzir a poluição numa taxa 2x mais rápida em estados integrantes da Aliança.

As falas dos participantes nacionais selecionadas funcionam como índices do olhar de cada um sobre a questão. A única governadora mulher participante do I Encontro Internacional, ao contrário da visão pragmática dos demais governadores, desenha o valor que deve conduzir a pauta dos Governadores pelo Clima.

Participantes Nacionais

Governador do Espírito Santo – ao vivo – Renato Casagrande

Inventário de emissões já realizado e a implementação do Programa Capixaba de Mudanças Climáticas, que inclui lei da qualidade do ar, política de segurança de barragem e monitoramento da seca.

Governador de São Paulo – ao vivo – João Doria

Conjunto de inciativas para a redução do efeito de estufa. Ênfase em energia renovável a partir da bioeletricidade e das usinas fotovoltaicas, na cobertura vegetal e na melhoria das águas do rio Pinheiros.

Governador de Pernambuco – por vídeo – Paulo Câmara

Precisamos contar com instrumentos de gestão para a Aliança pelo Clima. E não há antagonismo entre desenvolvimento econômico, conservação ambiental e o cuidado com as pessoas.

Governador do Piauí – por vídeo – Wellington Dias

O Piauí reúne vários ecossistemas e parques nacionais. Trabalhamos com o Programa Ativos Verdes para, com receitas do próprio ambiente, garantir a rentabilidade para as pessoas nessas áreas.

Governadora do Rio Grande do Norte – por vídeo – Fatima Bezerra

Em se tratando de clima – uma andorinha só não faz verão. Cuidar do meio ambiente é cuidar da vida. Não pode existir cidadania e dignidade sem sustentabilidade.

Governador do Rio Grande do Sul – por vídeo – Eduardo Leite

Um estado ambientalmente responsável também olha para dentro de si aplicando princípios de sustentabilidade compatíveis com aqueles que pretende estimular na sociedade. O melhor ponto de partida para a gestão pública é a coerência.

O coordenador e articulador Político do CBC, Sérgio Xavier, finalizou o evento dizendo que a Carta dos Governadores está aberta para assinatura até dezembro e que já, em novembro de 2020, será convocada a primeira reunião executiva para impulsionar ações de inovação e tecnologia na área de energia limpa.

Riscos e vulnerabilidades: os efeitos das mudanças climáticas

Por Sara Meneses (*)

Muita expectativa devido à pandemia circundou o V Congresso Internacional de Riscos (website – captura de tela), que começou hoje, dia 12 de outubro, em Coimbra, Portugal. O evento estava marcado para maio e, em março, a comissão organizadora tomou a decisão de adiar o evento para outubro, de forma presencial.

Em agosto, os congressistas e os participantes receberam notificação de que o evento iria acontecer de forma híbrida, parte presencial, respeitando todas as medidas sanitárias a fim de evitar contágio e aglomeração, e parte online, por videoconferência. E que a sessão dos pôster seria realizada de modo remoto a partir de exposição virtual em telas nos corredores da Universidade de Coimbra, onde se realiza o evento. O pôster que inscrevemos foi selecionado e ele tem a ID 051 nesta lista de comunicações aceitas. Para ler o nosso pôster clique Poster Foco no Cerrado.

Cerimônia de Abertura

Remotamente estamos acompanhando e cobrindo o V Congresso, pois, estar em Portugal, agora, não seria possível. A Sessão de Abertura que acompanhei e, em seguida a Conferência, desde logo posso dizer que a estreia foi um sucesso. O Prof. Dr. Luciano Lourenço, da Universidade de Coimbra, agradeceu a participação de todos e falou, também, sobre como seriam realizadas as atividades da semana. Em seguida, o diretor da faculdade de Letras, professor Rui Carlos, passou uma mensagem de motivação sobre aprender a lidar com as mudanças, procurar respostas inovadoras e não deixar a esperança de lado. Outros dois convidados também falaram na Sessão de Abertura: o diretor nacional de Planejamento de Urgência, engenheiro José Oliveira, e o comandante das Forças Terrestres, o tenente-general António Martins Pereira. José Oliveira falou sobre as ações de prevenção contra os riscos e as emergências e as expectativas com os resultados apresentados no V Congresso. António Martins mostrou os meios utilizados pelo Exército português para minimizar riscos e vulnerabilidades e a importância de separar as ações imediatas e as planejadas.

Ao final da cerimônia de Abertura, a secretária de estado da Administração Interna, dra. Patrícia Gaspar, ao discursar, disse que o cenário atual é uma janela de oportunidade. Ela explica que, se há algo de positivo nessa pandemia, foi a valorização do setor de proteção civil e prevenção de riscos.

É possível conferir mais detalhes e outras mensagens pelo canal do Youtube da Riscos.

Palestra de Abertura – Analogias com o Distrito Federal

A Conferência de Abertura ficou a cargo do Prof. Dr. Jorge Olcina Cantos que defendeu a necessidade urgente de ações de adaptação. Com o título – Cambio climático y riesgos: Pasado, presente y futuro. La necesidad de adaptación – o webinar tratou de diversos assuntos:

  • Mediterrâneo: aumento do espaço de risco > a mudança climática atual aumenta o perigo;
  • Os problemas de aquecimento climático dificilmente vão se solucionar por meio da redução da emissão;
  • Adaptação de territórios e sociedades para lidar com os efeitos previstos pelas mudanças climáticas;
  • As três peças fundamentais no processo de adaptação à mudança climática: gestão de emergências, organização do território e educação sobre o risco;
  • A escala local é uma peça importante das políticas de redução de efeitos da mudança climática.

Ao olharmos os assuntos em debate, é impossível não relacionar com a realidade do Distrito Federal (DF) e com o que abordamos em nosso pôster. No dia 4 de outubro, a temperatura no DF chegou a 36.7ºC e 9% de umidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O que coloca esse dia em primeiro lugar no ranking de temperaturas mais altas registradas no DF em 10 anos. As mudanças são globais e vão além do desconforto causado pelo calor.

No webinar, o professor mostra como as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas ao impacto econômico no PIB na Europa.  Segundo ele, a pesquisa Oxford Economics aponta que temperaturas mais altas podem diminuir o PIB Global em 20% até 2100. O que mostra que o cenário é muito mais abrangente do que o esperado.

O calor não é o único efeito que está ocorrendo. O Prof. Jorge Olcina trata durante a palestra sobre o aumento de tempestades em 2019 e sobre o aumento de manifestações muito peculiares, que nos mostra o poder destruidor da natureza, como visto em diversos acontecimentos de 2020: ciclones tropicais que preocupam o EUA e o aumento do número de queimadas aqui, no Brasil.

Jorge Olcina explica, também, que o crescimento do nível dos mares é algo que está previsto como uma das principais consequências das mudanças climáticas. Nesse quesito, as costas litorâneas e, até mesmo, cidades inteiras podem ser afetadas por esse efeito. A solução não é apenas reduzir a emissão de gases, pois, segundo o professor, as políticas de contenção não são um foco dos grandes países poluentes e, por isso, a medida não é uma solução rápida ou um caminho tão prático e viável.

A dengue, tão conhecida por nós brasileiros e brasilienses, também foi citada no webinar. O calor aumenta o número de casos de uma das doenças mais perigosas e que afeta cada vez mais a vida das pessoas, pois o mosquito da dengue é o mesmo da Zika e da Chikungunya. No Distrito Federal, em 2020, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, foram registrados mais de 45 mil casos de dengue na região. O G1 realizou uma análise que mostra um aumento de 22% do número de casos em comparação com 2019.

Diversos outros assuntos foram, também, tratados no primeiro webinar do V Congresso Internacional de Riscos. Os temas são importantes para refletirmos no nosso próprio ambiente e começarmos a buscar medidas para diminuir os efeitos das mudanças climáticas.

No nosso pôster falamos sobre esse novo padrão climático e como, no DF, afeta os pequenos agricultores, os animais e as pessoas. Para conferir a reportagem – Cerrado Alerta: compreender para reagir – que deu origem ao pôster clica aqui. Se quiser ouvir os episódios que gravamos do podcast Foco no Cerrado basta apontar seu celular.

Sara Meneses é estudante do 6 semestre de Jornalismo do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).