Paris Conference 2015 (iii)

Abertura dos trabalhos

Hoje foi o icebreak da Conferência. Segunda-feira, dia 6 de julho. Mais de 500 participantes estavam presentes à sede da Unesco em Paris para receber material, participar dos talks e do coquetel (canapés e bebidas).  foto blogAo total são 1.800 cientistas confirmados para apresentar trabalhos em forma de pôster, conferências, sessões ou talks.

A comemoração geral da organização foi por conta da onda de calor com previsão de abrandar essa semana em comparação à passada e porque todos os patrocinadores e apoiadores consideram um sucesso o volume de trabalhos e a confirmação de mais de 2.200 inscritos para os quatro dias da Conferência.

Nos talks de abertura não faltaram boas-vindas e discursos políticos, um deles enfatizando que a agenda de Climate Change deve se alinhar a outras agendas como a iniquidade pois não é possível ter um mundo em que 1% das 7 bilhões de pessoas detém a riqueza correspondente a 50% da riqueza mundial. Um dos palestrantes chegou a enfatizar que o Não como resposta no referendo da Grécia é um sinal de que mudanças são necessárias.

Quanto à agenda específica para Climate Change, o palestrante Haaldor  Thorjeirsson (foto/crédito: autora blogpost), do secretariado da Convenção-Quadro (UFFCCC) enfatizou que a agenda pelos próximos 20 anos será dominada por dois temas: minimizar riscos e  gerir o remanescente do carbon budget. Outros tópicos abordados foram o nexo água e alimento e a incorporação dos países do Sul nos estudos sobre oceanos e correntes marítimas.

 

Paris Conference 2015 (ii)

Embarcando rumo a Paris

Estamos iniciando uma viagem diferente. Uma viagem para apresentar o projeto do jogo Aventura Climática na Conferencia Our Common Future Under Climate Change em Paris (França). ClimateAdventure_CardBackVertical

Pela manhã, na ida para o aeroporto, minha amiga comentou comigo que eu deveria ver novamente o documentário Chasing Ice que fomos ver juntas em Irvine (CA) há uns 3 anos. Fotografar o desgelo no Ártico para dar tangibilidade às mudanças climáticas foi o propósito do fotógrafo James Balog. Disso trata meu projeto de doutorado, como dar tangibilidade a Climate Change de modo ético. A artista Eve Mosher de Nova Iorque criou o projeto para visualizar mudanças climáticas traçando com tinta a nova linha de terra quando a água do mar subir nas cidades costeiras dos Estados Unidos. A artista esteve em San Diego (CA), num evento da 350.org, mostrando que as casas e o comércio da orla de Mission Beach mudará de lugar daqui há uns 30 anos.

A questão da tangibilidade é pertinente e sobre ela já falei algo aqui no Blog Entreposto. Como me preocupo com o fato de que as ameaças ambientais não são reconhecidas biologicamente por nossos célebros e por isso elas precisam ser aprendidas, fazendo entrar em cena o processo de ensino-aprendizagem. E para isso eu criei, junto com amigos e colegas de doutoramento, um jogo em que o participante brinca com balões de soprar e traça estratégias durante sua aventura na atmosfera para compreender – usando movimentos e trazendo para dentro de suas ações  – a importância do equilíbrio do efeito de estufa para manter a vida como a conhecemos hoje. Climate Change impacta diretamente nossa capacidade como espécie de sobreviver no Planeta Terra, único até agora, nessa galáxia, estrategicamente posicionado numa “zona de vida” que permite a água em estado líquido, elemento essencial para a sobrevivência de todas as espécies.

Falar sobre isso pode ser chover no molhado. Mas algumas pesquisas com dados empíricos na linha dos estudos de Representação Social mostram que o efeito de estufa nem sempre é compreendido como algo benéfico para a vida na Terra. Pois é ele justamente que dá identidade ao nosso Planeta por intermédio de nossa atmosfera, sendo ela do que jeito que é e não como a de Marte ou a de Vênus, por exemplo. Na primeira você congela, na segunda você morre torrado.

Essa viagem, para a qual vou compensar meus carbonos gastos no vôo transatlântico andando a pé, de transporte público, comprando objetos e comida de produtores locais que utilizam insumos também locais e usando energia de fontes limpas o mais que possível, contou com o ajuda financeira da família e apoio da Universidade de Lisboa.

Sobre as atmosferas de Marte e Vênus, Wikipédia é uma fonte.