The Second Best Exotic Marigold Hotel: entretenimento e expansão de mercado

A indústria do entretenimento está sempre engajada em expansão de mercados e licenciamento de marcas. Nós usuários, às vezes, nem nos damos conta quando vamos ao cinema como uma dentre as muitas escolhas que podemos fazer de como queremos passar os nossos momentos de lazer. E isso não é diferente com o The Second Best Exotic Marigold Hotel, distribuido internacionalmente pela Fox Searchlight. Best Exotic 2 Poster

The Second é um cartão de visita para o mercado norte-americano de aposentados, pensionistas e investidores. Exibe uma Índia exótica, cheia de oportunidades e aventuras, terra de possibilidades e boa qualidade de vida. Pano de Fundo: a reaproximação Estados Unidos com a Índia como parceiros comerciais para energia renovável, um pacote de US$ 1 bilhão em incentivos para empresas norte-americanos em terras indianas. O pacote de incentivos é parte do acordo guarda-chuva de Climate Change entre os dois países fechado em janeiro de 2015. Por outro lado, a aproximação diplomática dos EUA com a Índia ganha prioridade com o recém eleito primeiro ministro Narendra Modi. A Índia para os Estados Unidos é um parceiro estratégico na geopolítica da Ásia para equilibrar o poder militar chinês e fortalecer a aliança democrática de países na região Ásia-Pacífico.

Dentre as muitas histórias paralelas do filme (idosos que trabalham, namoram, fazem sexo, viajam e se divertem depois dos 70), a do investimento de capital norte-americano começa em San Diego (CA), cidade cosmopolita com raízes no comércio internacional desde os anos 1.500 e antes com os nativos-americanos que ocupavam a costa. O investimento é concluído na cidade de Jaipur (Índia) com uma franchise da cadeia de hotéis Evergreen, que existe de fato e é uma companhia global tailandesa como investimentos na indústria hoteleira e de aviação. Se a companhia pagou ou não pelo merchandising de seu nome, a essa altura não faz muita diferença. Afinal, serviu a um propósito. O filme termina com dança e música a estilo Slumdog Millionaire (Quem quer ser um milionário?) de 2008, que lançou internacionalmente o ator principal do The Second – Dev Patel.

Apenas para recordar, o Marigold Hotel de 2012 era sobre a relação Inglaterra – Índia e ingleses buscando em terras da ex-colônia (independente graças à estratégia de não-violência de Mahatma Gandhi) um novo momento de vida. A metrópole havia expulsado os ingleses seja porque a aposentadoria e a pensão não cobriam as despesas, seja porque havia um amor que ficou para trás, seja porque o custo de tratamento de saúde era mais barato. Os ingleses encontram no hotel com necessidade de reforma seu retiro e um novo começo de vida. O primeiro filme arrecadou mais de US$ 136 milhões, sendo 34% do dinheiro em terras do Tio Sam. O The Second, em duas semanas, já arrecadou US$ 58 milhões, sendo 41% somente nos Estados Unidos. A produção tanto do primeiro como do The Second custou US$ 10 milhões.

Dentre os muitos reviews do The Second, eu escolhi esse:

http://www.thehindu.com/features/cinema/cinema-reviews/the-second-best-exotic-marigold-hotel-familiarity-breeds-contempt/article7018604.ece

Se estiver interessado na relação diplomática entre Estados Unidos e Índia, o artigo de Nicholas Burns situa o momento atual e faz uma revisão das idas e vindas dessa relação ao longo do tempo. O artigo Passage to India – What Washignton Can Do to Revive Relations With New Delhi, está publicado na revista Foreign Affairs, edição Set/Out 2014, pp 132-141 (http://www.foreignaffairs.com/articles/141851/nicholas-burns/passage-to-índia)

O ano de 2015 promete, e 2014 serviu de base para a agenda de Climate Change

Climate Change está na agenda política global em 2015 e ao longo do ano será possível observar articulações políticas e manifestações populares que vão culminar na Conferência das Partes (COP 21) – Paris, em novembro/dezembro. As expectativas para acordos de teto de emissão global e para avanços em energia limpa entre os estados-membros das Nações Unidas são elevadas apesar de o pessimismo ser o tom de muitos dos atores que militam na arena da diplomacia do clima.

Antes de começar a publicar o que está acontecendo e o que vai acontecer em termos de política global do clima em 2015, escrevi um ensaio sobre como foi 2014, sobre o acordo EUA – China e sobre como pensam norte-americanos e chineses tomando como base duas pesquisas de opinião do ano de 2012. O link para a leitura na íntegra do Ensaio está no final do post. Antes, porém, a síntese de cada um dos tópicos.

Como foi 2014? Foi um ano repleto de eventos que aconteceram em quatro esferas: Ciência do Clima, Política Global, Participação Popular e Diplomacia do Clima. Gráfico no texto do Ensaio permite visualizar a presença dos eventos em cada categoria ao longo de todo o ano. E o que diz a análise desses dados? O discurso mudou. Os eventos ajudaram a sobrepor o discurso energia limpa ao de limite de emissões.

Que acordo afinal assinaram EUA e China? Um acordo de expansão de mercado para energia limpa e inovação tecnológica, abrindo para os dois países uma nova era de desenvolvimento greening, sob a capa de um acordo de teto de emissão para a China, que se compromete a parar de emitir em 2030, e de redução de emissões para os Estados Unidos, que reforçam sua meta para 2025. O acordo fechado em novembro de 2014 traz a reboque a Índia.

E as pessoas, o que opinam? Pesquisa de opinião de 2012 em ambos os países apontam que norte-americanos e chineses são água e vinho. Chineses afirmam saber sobre Climate Climate e norte-americanos se percebem mal informados. Chineses entendem que é do governo a responsabilidade para a solução do problema e os norte-americanos confiam que a tecnologia seja a solução.

Em síntese, EUA e China são, agora, ativos na política global do clima e, com isso, reforçam as políticas domésticas de controle de emissões por carvão e expandem mercado para tecnologia e energia limpa. As pessoas chinesas e as pessoas norte-americanos, inseridas cada qual em sua cultura, apostam no governo (chineses) e na tecnologia (norte-americanos) para a solução do problema das alterações climáticas e afirmam estarem dispostos a contribuir para a solução (chineses) e de que não é necessário mudar comportamento (norte-americanos).

Íntegra do ensaio de janeiro 2015: Ensaio Chineses e Americanos BLOG