Pitada de política: resíduos sólidos

No rastro da divulgação da exposição de Vik Muniz e da exibição do documentário Lixo Extraordinário, há de se falar de resíduos sólidos. Abaixo de cada retrato de catador no outdoor da Praça da República, em Brasília-DF, há uma legenda:

* Cada cidadão brasileiro produz em média, um quilo de resíduo por dia.

* Com a reciclagem o produto volta a seu ciclo de vida, economizando recursos naturais.

* A coleta seletiva está disponível em apenas 443 municípios dos mais de 5 mil existentes no Brasil.

* Mais de um milhão de pessoas trabalham e sobrevivem da reciclagem do lixo.

* Apenas 18% da população brasileira é atendida com o serviço de coleta seletiva.

* O Brasil perde anualmente cerca de R$ 8 bilhões por não fazer a correta reciclagem de seu lixo.

* Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos todos os municípios brasileiros devem implantar a coleta seletiva do lixo.

Os números mostram o desafio de fazer render o lixo. Como bem disse o presidente Tião da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, durante entrevista no Programa do Jô, em 2010, “lixo é o que não tem mais reaproveitamento, somos catadores de material reciclável”. E reciclagem está alinhada com inclusão social, geração de renda, modernização tecnológica, desperdício zero, engenharia e logística reversa.

Serviço:

* Para ver a entrevista de Tião no Jô http://www.youtube.com/watch?v=p1knM0h1ZE0

Lixo Extraordinário: arte e dinheiro

Lírico e instigante. Assim tratei de definir o que vi logo que acabei de assistir ao  documentário Lixo Extraordinário, no final de julho de 2011, no Ecco – Espaço Cultural Contemporâneo, em Brasília-DF, como parte da exposição ViK MuniZ 3D.

O documentário, pura arte engajada, é a narrativa da produção de Retratos de Catadores – Imagens do Lixo. Foi indicado para o Oscar 2011, como melhor documentário e já havia ganho prêmios nos festivais de Berlim e Sundance em 2010.

O documentário mostra o que é possível fazer com o dinheiro que vem da arte. Também mostra como a arte é capaz de modificar as pessoas, o amor próprio e suas vidas, não só pela contemplação mas também pelo fazer, pela produção, pelo envolvimento.

O outdoor na Praça da República iluminado à noite me fez conhecer os retratos e os personagens antes do documentário: A Carregadora (Irmã), Atlas (Carlão), Marat (Sebastião), Mãe e Filhos (Suellen), O Semeador (Zumbi), Mulher Passando Roupa (Isis), A Cigana (Magna). Os retratos fizeram parte da exposição VikManRio no Museu de Arte Moderna, em 2009, e Marat, retrato de Tião, foi o quadro vendido em leilão, lote 272, em Londres (Inglaterra), por 100 mil reais em 2008, primeiro de muitos retornos financeiros que Sebastião Santos,  presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho (ACAMJG), em Duque de Caxias (RJ), aplicou em melhorias na comunidade.

Em paralelo à narrativa da produção dos retratos há a narrativa da vida dos personagens. Isis, a mulher que sofre de amor pela perda do filho e do homem amado; Sebastião, o líder; Suellen, a mãe adolescente ; Zumbi, o homem das letras; Irmã, a cozinheira de forno e fogão que não deixa ninguém passar fome no aterro; Magna, a mulher dona de si mesma.

O aterro sanitário Jardim Gramacho foi cenário de outro documentário brasileiro: Estamira, do diretor Marcos Prado, e igualmente vencedor de vários prêmios. A personagem, dona Estamira, faleceu no final de julho de 2011 no Rio de Janeiro, no Hospital Miguel Couto de infecção generalizada.

Serviço:

* Para saber sobre a exposição ViK MuniZ 3D http://www.eccobrasilia.com.br/?ver=exposicoes.

* Para saber sobre Lixo Extraordinário http://www.wastelandmovie.com.

* Para conhecer Estamira http://www.estamira.com.br

* Para saber sobre o diretor Marcos Prado http://www.filmeb.com.br/quemequem/html/QEQ_profissional.php?get_cd_profissional=PE568