Cidadão e Instituições: transformação social a caminho?

Parece mesmo que chegou o tempo de trazer à luz o poder de transformar que existe no cidadão e nas instituições. Cidadãos e Instituições são atores sociais ativos que influenciam políticas e governos e moldam as sociedades em que vivemos. homem futuroEssa semana me deparei com duas personalidades públicas abordando a necessidade de transformação social para que possamos dar conta de viver num Planeta que está apresentando profundas mudanças em seu sistema climático. O pesquisador Carlos Machado traz o cidadão como motor da vida em sociedade e o economista Hoesung Lee traz a instituição como vetor para transformações.

A força do cidadão, sujeito ativo, é o ponto de partida para a resenha do livro do pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Carlos José Saldanha Machado, publicada no Jornal da Ciência (SBPC, edição 20 outubro 2015).

“[…] os seres humanos não são mais vítimas inocentes compelidas a adaptar-se, em alguns casos, rapidamente, a mudanças em grande escala nos sistemas ambientais resultantes de forças superiores ao seu controle. Ao contrário, enquanto corresponsáveis, é o próprio comportamento do homem moderno que deve ser revisto, […] de forma dialogada e juridicamente exemplar no espaço público-político, […], se pretendemos ter sucesso no melhoramento ou no redirecionamento da mudança climática global”.

Carlos José Saldanha Machado

A força das instituições, entidade ativa, é o ponto de partida para as entrevistas concedidas pelo economista Hoesung Lee, novo presidente do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, sigla em Inglês) tanto na conferência de imprensa logo que foi eleito (6 de outubro) como na entrevista ping-pong publicada pela revista Nature (edição 13 outubro 2015, tradução livre).

“[…] aumentar a participação de especialistas dos países em desenvolvimento porque nós sabemos que esses países precisam melhorar o nível de qualidade de vida mas ao mesmo tempo precisam atingir isso de modo que não pese na concentração atmosférica de emissões de gases de efeito de estufa. É uma tarefa difícil. […] a regra é compreender as limitações e as oportunidades para os países desenvolvidos no esforço para participar das deliberações globais para as mudanças climáticas”.

Hoesung Lee

Práticas para o engajamento

O engamento civil se constrói com práticas de cidadania e multiplos níveis de participação. Até o final do mês é possível participar da consulta pública para aprimorar o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA) do Brasil. A consulta pública pode ser realizada via internet na página criada especialmente para isso pelo Grupo Executivo sobre Mudança do Clima (Gex), do Ministério do Meio Ambiente.

Instituições como o IPCC são capazes de redirecionar políticas e talvez possa ajudar a impulsionar a transferência de tecnologias entre os países com economias desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento. Duas prioridades do novo presidente do IPCC, Hoesung Lee (foto), Hoesung Lee IPCCpara o AR 6 (Sexto Relatório) são (i) aprimorar a comunicação da instituição e de seus relatórios e (ii) incorporar no Grupos de Trabalho (WG) mais aspectos sociais sobre como as pessoas e as sociedades estão se adaptando e enfrentando os efeitos das mudanças climáticas. A pesquisadora brasileira Thelma Krug foi eleita vice-presidente do IPCC e desde 2002 é integrante da força-tarefa sobre inventários de gases de efeito de estufa.

O tempo será mesmo o senhor da razão!