Vinha acompanhando a entrega das propostas voluntárias para o Acordo de Paris sobre Climate Change e hoje encontrei uma entrevista que ajuda a costurar o que foi entregue e as perspectivas futuras para o Acordo.
Para compreender o contexto, dia 31 de março de 2015 foi o deadline para que os países entregassem seus planos e metas de emissão de carbono. A contabilidade mostra que 33 submissões foram entregues por países, cumprindo a chamada voluntária acordada em Lima (Peru) na COP 20 de tornar pública suas propostas, cujo nome técnico é Intended National Determined Contributions (INDCs).
A entrevista de Janos Pasztor (foto), de UN Assistant Secretary para o Acordo Geral de Paris 2015, ao canal France 24 revela que o conteúdo das propostas dos países, em sua totalidade, não permite vislumbrar um cenário de 2 Graus e que o acordo que sairá da COP 21 em Paris é um “package” que envolve metas, monitorização e descarbonização a longo prazo.
O que significa a declaração de Janos Pasztor: “it is very likely that the commitments we will get from countries will not be sufficient to meet UN’s 2°C target”? Significa que ainda que metas de redução ou teto de emissão sejam acordados, o cenário mudou e estrategistas e cientistas já começam a trabalhar com high end scenarios, ou seja, projeções para aumento de 4 Graus.
Num cenário como esse, as implicações para as populações e para as sociedades são consideráveis e as futuras generações já estão muito mais vulneráveis às questões climáticas do que podemos pensar. Lembro-me sempre de Prof. Dr. Filipe D. Santos, físico e cientista do clima português, me dizendo: “a coisa não está bonita“, num dia qualquer em setembro de 2014 ao final da aula na Universidade de Lisboa.
O Acordo de Paris, segundo Pasztor, é muito importante porque vai definir como monitorar emissões e cortes. Para mim, além disso, o Acordo de Paris vai abrir uma nova onda de discussão científica sobre cenários 4 Graus e consolidar o discurso atual de energia limpa e descarbonização via tecnologia.
A entrevista no canal France 24.
Propostas submetidas pelos 33 países – INDCs.
Pingback: Setembro quente para o assunto Clima em esfera global | Blog Entreposto
Isso deve ser encarado, por nós cidadãos, como algo inaceitável. Não podemos ir aos poucos aceitando estas metas. Primeiro 2ºC, como se fosse pouco, agora 4ºC. Isto tem apenas um nome e deve ser dito. Isto é loucura! Isto representará um cataclismo!