Clima?! O que andei escrevendo sobre a COP 30 e o voto para além do óbvio em 2026

Na coluna Clima & Pessoas que escrevo toda semana no Misto Brasil, abordei a COP 30 buscando trazer o olhar de um cidadão comum que se move entre o que o afeta em seu cotidiano e o que está à sua volta na sociedade e no modo como vive. 

Acervo pessoal: vista da região de Pirenópolis (GO) na Cachoeira dos Dragões

Comecei a temporada perguntando por que interessa acompanhar a COP30. Tratei de valorizar a ação individual e mostrei que há muitas dimensões para atuar contra a crise climática. Ao estar informado/a, é possível buscar soluções locais e reivindicar adaptações necessárias para bem viver em tempos de efeitos para lá de conhecidos: chuvas muito intensas e muito rápidas, secas mais prolongadas, ondas de calor e frio, alagamentos, deslizamentos, enchentes, e até tornados, recentemente. 

No segundo episódio, o texto focou na contradição em que vivemos no país – articulamos e criamos um complexo mecanismo de financiamento para manter as florestas em pé ao mesmo que tempo em que aprovamos a exploração de petróleo na foz do Amazonas. 

Logo a seguir veio o texto sobre a necessidade cada vez mais urgente de integrar as medidas de adaptação às políticas públicas e aos planos estratégicos de desenvolvimento. Precisamos de medidas de mitigação para reduzir a presença dos combustíveis fósseis como motor econômico. Mas essas medidas não chegam na velocidade necessária e, por isso, o olhar se volta para a adaptação. Ainda assim, os recursos são sempre muito escassos. 

Depois, dediquei dois textos para mostrar que está na hora de colocar a mão na massa e agir de verdade para implementar soluções para que as espécies – nós, pessoas humanas, inclusive, possamos estar capacitados a enfrentar a crise climática que já se instalou em nossas vidas. 

Finalizei a temporada mostrando que a COP30 perpetua o descompasso entre a urgência e a ação e os países caminham a passos de formiga para fazer o que precisa ser feito. Invoquei até a letra e música de Lulu Santos de 1994 – Assim caminha a humanidade

Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga e sem vontade
Sem vontade

O que vem agora na coluna do Misto Brasil? Tomei a decisão de iniciar a temporada de escrituras focada nas eleições. Em 2026, o voto de cada um dos cidadãos brasileiros tem peso, o meu incluído. Não só o peso para escolher os nossos representantes, mas o peso para decidir como vamos viver em 2030.

Diversas soluções para minimizar os efeitos das mudanças climáticas precisam ser implementadas nesse intervalo de quatro anos. Os impactos serão cada vez mais severos quanto mais a temperatura subir dos 1.5oC atuais. Importa conhecer as soluções e saber que elas estão ao alcance de nossas mãos, como indivíduos e coletividade. E ao alcance também daqueles que vamos eleger para fazer leis (deputados e senadores) e para executar as políticas públicas e gerir a organização do território em que vivemos (governadores e presidente da República).

Climate Game: decisões para ficar em 1.5C

Vestindo o chapéu de um líder global com a missão de evitar o desastre climático, o newsgame do Financial Times é gratuito e fornece um dashboard da performance do gestor para quatro setores: eletricidade, edificação, transporte e indústria. Quer jogar? Acesse gratuitamente Climate Game.

Climate Game Financial Times

Eu adorei jogar. Até me saí bem! Meu desempenho com as medidas para o setor industrial foram muitos tímidas para cortar todas as emissões necessárias ainda que, como gestora, tenha escolhido um consultor de negócios para me apoiar na jornada. Ao menos a temperatura ficou dentro do Acordo de Paris e meu painel de resultados ficou expressivo.

Temperatura e Conjunto Jogadores

A estrutura de gamificação empregada para o newsgame me concedeu prêmios, pontos, e me apontou desafios. Um deles era apoiar pessoas depois que a Amazônia tenha virado uma savana por conta de um presidente eleito que dando de ombros e afrouxando tanto a fiscalização permitiu que as queimadas e a derrubada da floresta transformassem a Amazônia em deserto. Parece ironia, mas não é!

A presença do Prof. Carlos Nobre, da Universidade de São Paulo, cientista brasileiro de referência para as mudanças climáticas, dentre os especialistas consultados para o desenho do newsgame, com certeza tem um dedo no conteúdo do desafio. Carlos Nobre vem falando sobre o perigo de a Amazônia virar uma savana não é de hoje. Seus estudos mostram que o tipping point (exatamente o que está no newsgame) é a incapacidade de a floresta se regenerar ao perder mais de 40% de sua vegetação.

Newsgame é uma narrativa jornalística interativa em que o leitor/jogador entra em contato com fatos e acontecimentos atuais para compreender melhor aquele tópico em específico. Uns primeiros newsgames na imprensa brasileira apareceram em 2007. Encontrei outro dia em meus arquivos o memorial descritivo elaborado por ex-alunos de jornalismo que aceitaram produzir um newsgame como trabalho final de uma disciplina que eu lecionava. Fiquei com vontade de produzir outro!

Antes, no entanto, quero mesmo é jogar de novo o newsgame do Financial Times e explorar os outros três consultores e outras possíveis escolhas decisórias. E, porque não, torcer para me sair melhor quanto a medidas e ações para tornar a indústria mais sustentável.