Clima? E eu com isso?! Misto Brasil #1

Reconexão com a natureza é o assunto do ensaio publicado no Misto Brasil essa semana (26 setembro de 2025). Emergência climática já está presente em nosso cotidiano e é hora de mudar o nosso olhar sobre a natureza: de fonte de recursos para consumo para fonte de vida e sobrevivência.

Primavera e o sonho de adiar o fim do mundo” é o título do ensaio #1. O editor do Misto Brasil, veículo jornalístico digital, Gilmar Corrêa, escreveu uma afetuosa nota me dando as boas-vindas como articulista. Diz ele: a partir desta sexta-feira (26) o site de notícias Misto Brasil terá a colaboração da jornalista e professora Mônica Igreja. Ela vai escrever sobre o seu tema de especialidade e também abordar assuntos que interessam a muita gente, a natureza e o nosso futuro no Planeta.

Destaco aqui um trecho do que escrevi no #1:

Outras pessoas sonham como eu e apontam que adaptações são necessárias ao território.

O ano de 2024 foi o mais quente num período histórico de 175 anos e as temperaturas tão elevadas fizeram com que o calor levasse à morte 62 mil pessoas, na Europa, de acordo com levantamento do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal).

Apenas instalar ar-condicionado nas residências não vai resolver! O desconforto térmico afeta crianças e idosos de modo mais severo.

O Brasil está envelhecendo a um ritmo acelerado e somamos 32 milhões de idosos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representa 15% da população. As crianças de zero a 14 anos representam 19%.

E você, como vai deixar a Primavera e o sonho entrarem na sua vida? Que tal aceitar o convite de realizar atividades que reduzam o seu déficit de natureza?

Clima, e eu com isso?

Com esse título, foram publicados textos para o Grupo de Pesquisa Comunicação e Emergência Climática, que lidero como pesquisadora. Um dos textos do GP-CED na página do Facebook (sim, ainda se usa o Face) abordou os alagamentos em época de chuva no Distrito Federal, assunto do projeto de iniciação científica que identificou os pontos de alagamento do período chuvoso de 2021-2022. Entre outubro de 2021 e março de 2022, a Defesa Civil emitiu 47 alertas para alagamentos e chuvas intensas e os locais são recorrentes: Vicente Pires, 202/402 Norte entre outros.

O período das chuvas do DF se estende de outubro a março. Em toda a cidade, há intensas obras de drenagem com a utilização de infra-estrutura cinza (jargão para dizer que são obras com cimento). Poucas são as obras com a utilização de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), também conhecida como infra-estrutura verde, infinitamente mais baratas. Projeto da Universidade de Brasília (UnB) está capacitando moradores voluntários do Sol Nascente para implementar jardins de chuva em casas, áreas comuns e vias públicas para evitar alagamentos. A liderança é da arquiteta e professora Liza Andrade.

Gestão de Risco em Trilhas: uma visão em quatro dimensões – caminhadas

A live a convite do grupo Caminhantes do Cerrado (CdC) foi um momento muito especial para falarmos de gestão de risco em trilhas. O foco da palestra foi a dimensão do caminhante, do indivíduo, aquele que faz caminhadas e/ou travessias e expedições. O vídeo da palestra está logo a seguir.

A dimensão do caminhante é uma das quatro dimensões em que podemos pensar a gestão de risco em trilhas: indivíduo, guia/condutor, empresa/operadora, parques temáticos/unidades de conservação. Cada uma dessas dimensões apresenta aspectos singulares que se somam para compor um ambiente seguro para praticar caminhadas na natureza. Além disso, abordei na live, o cenário que estamos vivendo atualmente que é a tendência de uma demanda crescente pelo turismo de natureza.

Essa demanda implica diretamente a concepção de que a natureza é um capital – um patrimônio – um produto turístico, que preservado e conservado tem a potência de gerar desenvolvimento local (renda e emprego), conservação da biodiversidade, conectividade a partir de corredores ecológicos para a fauna, e bem-estar físico e emocional para as pessoas que dele podem usufruir.

Natureza como patrimônio e a necessidade de reconexão, numa profunda compreensão de que estamos como seres humanos imbricados no meio natural e dele é que existimos, é um pilar de sustentação para agirmos frente à emergência climática. Sem meio natural preservado e conservado, não há caminhada, não há contemplação da natureza, não há vida, e não há produto turístico.

É esse, então, o pano de fundo é que me move para falar de gestão de risco de patrimônio, neste caso, natural. Marquei o minuto de entrada (06:00) e de término (49:18) da palestra para que você possa ouvir e/ou assistir. Após a palestra, está a sessão de testemunhos e depoimentos dos participantes que listei logo mais abaixo neste mesmo post. Os depoimentos abordam aspectos que vivenciamos durante as trilhas que praticamos e/o que conduzimos e eles estão entre os minutos 49:20 e 1:44:02.

 

Ao término da live (realizada no dia 31 de outubro de 2023), Rose Farias, líder do CdC, amplia com exemplos os problemas que envolvem a segurança em trilhas e os participantes, dentre eles praticantes de caminhada, guias e condutores, abriram seus microfones e câmeras para darem seus testemunhos e fazerem comentários sobre os problemas reais vivenciados durante os percursos.

Leia os depoimentos dos participantes que estiveram na live Gestão de Risco em Trilhas:

“A prática de caminhada requer conhecimento e é, nesse aspecto, que o Caminhantes do Cerrado procura trabalhar a orientação” , Rose Farias (minuto 50:34)

“Foi muito instrutivo e o assunto ficou muito fácil de ser compreendido e a parte da palestra que me tocou foi o da Serra Fina”, Moisés MC (minuto 1:01:25)

“Depois que fiz o curso, refleti que precisava me atentar para a quantidade de água que devo levar para a trilha porque eu bebo muita água no dia a dia”, Ana Gomes (minuto 1:06:30)

“Os escoteiros trabalham com a natureza e eu participei da organização de levar crianças e adolescentes para a Flona (Floresta Nacional de Brasília) e eles fazem isso de uma forma muito segura, caminham com grupos menores e eles sabem questões de segurança”, Mônica Araújo (minuto 1:11:02)

“É uma via de mão dupla, a gente requer fazer o melhor serviço e o turista nos contrata para realizar sonhos”, Isabela Pinheiro (minuto 1:20:01)

“O ecoturismo é algo bom, é um bem-estar, e deve ser feito com cuidado e contratar guias e empresas é importante além de o praticante respeitar as regras dos locais”, Gilson Pacheco de Oliveira (minuto 1:26:01)

“Implantei uso de capacete, salva-vidas, em trilha aquática, mas o turista precisa reconhecer que são itens de segurança”, Lucas (via chat do Meet – minuto 1:41:50)

“Que a discussão sobre segurança em trilhas seja permanente, pois não é um assunto que está pronto e acabado e por isso a gente precisa cuidar o tempo todo”, Rose Farias (minuto 1:43:27), ao finalizar a live.

Este post também está publicado no Blog do Caminhantes do Cerrado.