Paris Conference 2015 (ii)

Embarcando rumo a Paris

Estamos iniciando uma viagem diferente. Uma viagem para apresentar o projeto do jogo Aventura Climática na Conferencia Our Common Future Under Climate Change em Paris (França). ClimateAdventure_CardBackVertical

Pela manhã, na ida para o aeroporto, minha amiga comentou comigo que eu deveria ver novamente o documentário Chasing Ice que fomos ver juntas em Irvine (CA) há uns 3 anos. Fotografar o desgelo no Ártico para dar tangibilidade às mudanças climáticas foi o propósito do fotógrafo James Balog. Disso trata meu projeto de doutorado, como dar tangibilidade a Climate Change de modo ético. A artista Eve Mosher de Nova Iorque criou o projeto para visualizar mudanças climáticas traçando com tinta a nova linha de terra quando a água do mar subir nas cidades costeiras dos Estados Unidos. A artista esteve em San Diego (CA), num evento da 350.org, mostrando que as casas e o comércio da orla de Mission Beach mudará de lugar daqui há uns 30 anos.

A questão da tangibilidade é pertinente e sobre ela já falei algo aqui no Blog Entreposto. Como me preocupo com o fato de que as ameaças ambientais não são reconhecidas biologicamente por nossos célebros e por isso elas precisam ser aprendidas, fazendo entrar em cena o processo de ensino-aprendizagem. E para isso eu criei, junto com amigos e colegas de doutoramento, um jogo em que o participante brinca com balões de soprar e traça estratégias durante sua aventura na atmosfera para compreender – usando movimentos e trazendo para dentro de suas ações  – a importância do equilíbrio do efeito de estufa para manter a vida como a conhecemos hoje. Climate Change impacta diretamente nossa capacidade como espécie de sobreviver no Planeta Terra, único até agora, nessa galáxia, estrategicamente posicionado numa “zona de vida” que permite a água em estado líquido, elemento essencial para a sobrevivência de todas as espécies.

Falar sobre isso pode ser chover no molhado. Mas algumas pesquisas com dados empíricos na linha dos estudos de Representação Social mostram que o efeito de estufa nem sempre é compreendido como algo benéfico para a vida na Terra. Pois é ele justamente que dá identidade ao nosso Planeta por intermédio de nossa atmosfera, sendo ela do que jeito que é e não como a de Marte ou a de Vênus, por exemplo. Na primeira você congela, na segunda você morre torrado.

Essa viagem, para a qual vou compensar meus carbonos gastos no vôo transatlântico andando a pé, de transporte público, comprando objetos e comida de produtores locais que utilizam insumos também locais e usando energia de fontes limpas o mais que possível, contou com o ajuda financeira da família e apoio da Universidade de Lisboa.

Sobre as atmosferas de Marte e Vênus, Wikipédia é uma fonte.

Analogias e tangibilidade para Climate Change

A semana do Dia Internacional do Meio Ambiente terminou e eu quero registrar pelo menos duas analogias que ajudam a tornar tangível as questões que envolvem Alterações Climáticas. Essa é a minha contribuição para o dia 5 de junho, instituído pelas Nações Unidas em 1972 com o objetivo de sensibilizar e de promover a conscientização sobre as questões ambientais. As analogias são parte de um banco de dados sobre como as pessoas e instituições explicam Climate Change e o que elas ressaltam como conceito central.

O cientista brasileiro Tasso Azevedo associa Climate Change e a temperatura média da superfície da Terra com a febre do corpo humano. Ele utiliza essa analogia em suas palestras. O ser humano com febre tem elevação da temperatura corporal, o que pode provocar choque e desfalecimento quando está muito alta. Em seu blog, Tasso faz essa analogia numa postagem de 11 de outubro de 2013.

É preciso reduzir drasticamente as Emissões de gases de efeito estufa, sobre pena de chegarmos ao fim do século com aumento médio de temperatura do planeta em até 4,8°C. Pode não parecer muito, mas, considerando que a temperatura média da superfície terrestre é de cerca de 14°C, um aumento de “apenas” 2°C é o equivalente a 15% mais. Proporcionalmente, corresponderia a um aumento de 5°C no corpo humano. Uma febre bem acima de 40 graus“.

Tasso Azevedo também usa a analogia da febre na mediação que fez para o projeto da CPFL Cultura e Planeta Sustentável. O projeto tem o nome de Mudanças Climáticas: rumo a um novo acordo global e foi veiculado em 2014 pela TV Cultura. A palestra de Tasso tem 53 minutos. Ele usa a analogia da febre do corpo humano nos 15′ e 30”, dizendo que a temperatura média da superfície da Terra é 14 a 15oC e que a do ser humano é 36 a 37oC. Como a temperatura da Terra já aumentou 1 Grau, o Planeta está com febre. 

 

 

A outra analogia está na campanha da empresa norte-americana de sorvete Ben&Jerry’s que associa derretimento de sorvete com derretimento de geleiras e o objetivo de 2oC como teto para a elevação da temperatura média à superfície da Terra. A campanha recebeu críticas pois produtos de lacticínios geram metano, um dos gases que provoca mudança climática ainda que nada comparado com o dióxido de carbono, e também por conta do movimento contra alimento de origem animal.

O esforço publicitário de associar sorvete e geleira e derretimento e o slogan – se derrete, se arruína – tem como chão uma política de economia de baixo carbono em 2020 para a empresa nos Estados Unidos. O vídeo circula no YouTube desde o ano passado e está disponível no site da empresa, desde a campanha da Avaaz e a Marcha pelo Clima, em setembro de 2014, por ocasião da UN Summit com chefes de Estado em Nova Iorque.