Distrito Pandêmico – Covid-19, livro-reportagem

Falar de pandemia é falar de desastre, evento adverso natural, antropogênico e/ou misto que causa danos humanos, materiais ou ambientais e, em consequencia, provoca prejuízos econômicos e sociais. Epidemias e pandemias são classificadas como desastres humanos biológicos. capa livro Distrito PandêmicoE é sobre esse desastre atual – pandemia da covid-19 – que se debruçaram 14 estudantes de jornalismo do 5o semestre, alunos no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), campus Taguatinga.

Distrito Pandêmico, título do livro-reportagem, traz à luz repórteres e personagens que vivenciaram riscos e vulnerabilidades na capital federal, entre março e junho de 2020. Cada um dos oito capítulos narra uma vivência em especial seja quanto aos riscos seja quanto às vulnerabilidades. Os autores e as autoras abordam a violência contra os jornalistas, a vulnerabilidade de ser idoso, a cidade que já foi o El Dourado, a questão do emprego, dos entregadores e dos agricultores familiares, as desigualdades à mostra na educação e a vida comunitária em Taguatinga e Riacho Fundo, regiões administrativas do DF. No dia 11 de março de 2020, o Governo do Distrito Federal (GDF) decreta distanciamento social seguindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) que, no mesmo dia, decretara estado de pandemia por coronavírus. As aulas presenciais foram transformadas em aulas remotas, ao vivo, com mediação tecnológica.

“Quando alguém um dia, no futuro, me perguntar o que foi que eu fiz durante a pandemia de 2019, vou dizer: eu escrevi um livro”, assim se referiu o aluno Mateus Arantes durante a live de pré-lançamento do livro no dia 10 de julho, último dia de aula do semestre. Escrever durante a pandemia foi ressaltado como um ato de coragem pela professora e escritora Sandra Araújo, convidada como palestrante do evento. Sandra destacou que muitas vezes se emocionou com as narrativas e se viu nos espaços retratados. O evento de pré-lançamento foi gravado e está disponível no canal do Blog no YouTube. A pandemia persiste e, no Distrito Federal, até o dia 25 de julho, os casos confirmados de covid-19 somavam 94 mil 197 e as vidas perdidas somavam mil 275 conforme a Plataforma JF.

Para falar do livro e do evento de pré-lançamento convidei Arthur Vieira e Nathália Guimarães, alunos do 1o. semestre de jornalismo para escreverem para o Blog Entreposto. O olhar de cada um sobre o pré-lançamento está retratado em seus textos. Arthur foca sua atenção no evento e em seu desenrolar e Nathália buscar revelar o que está em cada capítulo. O livro-reportagem contou com a participação do professor Bruno Nalon que produziu a capa e a programação visual. Este livro-reportagem é um dos produtos do Grupo de Pesquisa Comunicação em Emergências e Desastres (GP-CED) cadastrado no Diretório do CNPq.

 

 

 

Pré-lançamento de livro-reportagem sobre riscos e vulnerabilidades no DF diante da pandemia da covid-19 (I)

Por Nathália Guimarães (*)

19 de julho de 2020

Alunos do 5° semestre de jornalismo do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) lançam, utilizando a plataforma Google Meet, o livro-reportagem “Distrito Pandêmico – COVID-19: riscos e vulnerabilidades na capital federal”, no dia 10 de julho.

O convite para escrever o livro-reportagem aos estudantes de jornalismo do 5° semestre do campus de Taguatinga, do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), aconteceu em uma sexta-feira, no primeiro dia de aula do semestre. Idealizado e intermediado por Mônica Prado, Mestre em Comunicação e Doutora em Alterações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, o livro que inicialmente tinha como proposta enfatizar as fragilidades presentes no Distrito Federal ganhou um desafio maior com o novo coronavírus. Reorganizado o enfoque e escrito por 14 alunos, em período isolamento social, “Distrito Pandêmico – COVID-19: riscos e vulnerabilidades na capital federal”  transcorre, em oito vivências, os impactos na vida, no emprego, nas pessoas e nas comunidades que a pandemia de covid-19 causou e ainda causa.

O livro não tem só o coração das personagens, mas também tem o coração de todos os redatores

É desse modo que a convidada especial, Sandra Araújo, inicia sua palestra. A professora e escritora que é mestra em Teoria Literária e Doutora em Literaturas de Língua Portuguesa, falou de suas impressões sobre o livro-reportagem levando em consideração a atual situação em decorrência do novo coronavírus. “Foi um ato de extrema coragem escrever em um momento em que todo mundo está fragilizado diante das incertezas que a pandemia veio trazer. O livro materializa o que queriam dizer sobre a pandemia, mas a obra eternizou a palavra de vocês em uma época tão difícil e vemos a maturidade com que escreveram no resultado”, afirma a professora e escritora Sandra (foto, alto à esquerda).

Assim, cada narrativa do livro-reportagem é independente e realça as particularidades de cada autor e autora. Em “A violência de todo dia … e nem somos, ainda, jornalistas”, o primeiro capítulo do livro-reportagem, as repórteres Adna Evelin e Rafaela Moreira contam, como estudantes de jornalismo, como se sentem em relação aos ataques físicos e verbais que os jornalistas na linha de frente estão sofrendo.

Crédito: Nathalia Guimarães, 10 jul 20

“Ser jornalista não é fácil e o nosso capítulo busca mostrar isso para os leitores”, comenta Adna. Essa ligação pessoal com a história também é observada no segundo capítulo, “Idosos em asilos – isolamento e solidariedade”, escrito em primeira pessoa pela repórter Thayssa Vidal. Apesar de estarmos em isolamento agora, existe um grupo na sociedade que sempre esteve recluso: os idosos, enfatizou. Thayssa procura quem são as pessoas que mesmo diante da nova situação resolveram olhar para esse grupo com solidariedade levantando perfis de alguns doadores.

“Brasília – o El Dourado e uma terra de desastres” é o terceiro capítulo, escrito pela repórter Julianne Belo. Mesmo que Brasília seja conhecida por ser uma cidade planejada e com arquitetura moderna, ou até pelos políticos e a corrupção, isso não exclui as diferenças sociais tão presentes no Distrito Federal. O grande desafio de Julianne foi abordar temas tão diferentes em um capítulo pequeno, dando atenção aos desastres que Brasília sofre como a epidemia de dengue ao mesmo tempo que a pandemia de covid-19. Ainda sobre diversidade e diferenças, temos o capítulo quatro, “Emprego – mudança para todo lado, não escapa um”, elaborado pelas repórteres Gabriela Arruda e Sara Meneses. Esse capítulo foi dividido em dois momentos, um apontando a mudança no geral causada pelo impacto da pandemia, e outro focando nas vulnerabilidades para além da panademia, como mulheres, negros e a comunidade LGBTQ+. “Quis dar espaço para as pessoas falarem, colocarem a realidade delas, dar voz a elas”, conta Gabriela. “É um capítulo único e particular”, enfatizou.

No capítulo a seguir, “Entregador – de bico a herói por seu serviço essencial”, as repórteres Ana Luísa França e Luisa Barmell mostram como, diante da pandemia, a sociedade foi obrigada a olhar para a realidade dos entregadores, o profissional que se tornou o centro das atenções. Para esse capítulo primeiro foi necessário entender como é o cenário e, depois, como o entregador se tornou essencial para que o isolamento pudesse ocorrer da melhor forma.

Crédito: Nathalia Guimarães, 10 jul 20

Prosseguindo com o cenário do emprego, no capítulo 6, “Produtor rural – resiliência e comida na mesa”, os repórteres João Paulo de Brito e Luiz Fernando Santos enfatizam a importância da agricultura familiar que foi tão desvalorizada. “Recebemos a comida e nem sabemos de onde veio”, comenta Luiz Fernando. A agricultura se mostra essencial no momento atual e até novas técnicas estão sendo utilizadas para manter a produção de alimentos. Os autores-estudantes afirmam a importância disso. “Jornalismo, para mim, é um instrumento de transformação social”, finaliza João Paulo.

Pelos repórteres Renato Queiroz e Mateus Arantes temos “Escola – uns em casa e outros em aula remota”, capítulo que expõe como a nossa educação é subdesenvolvida e a nossa realidade desigual. Enquanto alguns estão em casa com recursos tecnológicos à disposição, uma parcela à margem da sociedade sofre com a situação atual. “Nós vivemos em uma bolha social em que não temos noção e, ao escrever esse capítulo, enxergamos a realidade de outra maneira”, comenta Mateus. E, para finalizar, no oitavo e último capítulo, “Um pouco da vida em Taguatinga e no Riacho Fundo I”, as repórteres Maria Carolina Guimarães e Paloma Cristina contam, em primeira pessoa, como as regiões Taguatinga e Riacho Fundo I são diferentes da Brasília do Plano Piloto. “Nós nos vimos no capítulo e nas regiões”, afirma Paloma, acrescentando que a pandemia trouxe exclusividade para o livro.

O professor Bruno Nalon participou da live e comentou sobre a produção da capa e da programação visual de sua responsabilidade. O coordenador do curso de Comunicação Social do UniCEUB, Prof. Dr. Henrique Moreira, encerrou o evento parabenizando a todos (professores e alunos) pelo trabalho realizado. O livro-reportagem será lançado digitalmente em formato de e-book em futuro próximo.

(*) Nathália Guimarães é aluna do 1o. semestre de jornalismo do UniCEUB e se interessa por literatura, épocas passadas e design gráfico.